União das Freguesias de Mazarefes e Vila Fria União das Freguesias de Mazarefes e Vila Fria

História

Mazarefes

Mazarefes, ocupando uma área. de cerca de 3,48 quilómetros quadrados, encontra-se localizada a 6 quilómetros da sede do Concelho (Viana do Castelo), na margem esquerda do rio Lima, e confina com as freguesias de Vila Franca do Lima, Vila Fria, Vila Nova de Anha, Vila de Darque e Portuzelo (Santa Marta).

São Nicolau de Mazarefes, como comunidade paroquial, nasceu junto ao rio Lima, tendo São Simão por Padroeiro, onde actualmente se ergue a capela sob a invocação deste Santo, a perpetuar o local da primitiva Igreja Paroquial de São Simão da Junqueira de Mazarefes.

D. Bermudo II, rei de Leão e das Astúrias, filho bastardo de D.Ordonho III e da portucalense D. EIvira, aproveitando-se das derrotas desgastantes que seu primo, D. Ramiro III, sofreu nas lutas contra os mouros, obrigou-o a ceder-lhe o reino da Galiza e as terras que possuía na Ribeira Lima, em Portugal.

Em 985, D. Bermudo fez doação ao seu vassalo Conde D. Telo Alvites e à Condessa D. Muma dos Coutos de Mazarefes, Paradela, em São João da Ribeira, metade das terras de Castro e dos casais de Freiris, em Santiago de Gemieira, pelos bons serviços que lhe prestou nas guerrilhas contra D. Ramiro. Como os condes não tiveram geração,

doaram os coutos e as herdades, como os padroados das respectivas igrejas, ao Mosteiro de São Paio de Ante-Altares, da Ordem de São Bento, situado em Santiago de Compostela.

Em Março de 1063, os monges pediram ao rei D. Fernando de Leão que lhes privilegiasse as possessões que detinham na Ribeira Lima, a fim de construírem um cenóbio no Couto de Mazarefes.

Nos primeiros tempos, a actual igreja da Freguesia, foi capela do “pequeno convento” pertencente à Congregação Beneditina de Compostela, passando por compra para a fidalga família dos Pereiras de Mazarefes, que a utilizou como capela privada de sua casa, sob a invocação de São Nicolau. Por essa época, ainda os sinos da capela se encontravam pendurados nos troncos dos velhos castanheiros que a rodeavam.

Foram várias as transformações por que passou aquela capela, mas ainda hoje se vêem, na parte arruinada pelo incêndio que deflagrou no velho casarão, os vestígios do passadiço daquela casa para o coro da igreja.

A Ordem Beneditina compostelana conservou tranquilamente as suas possessões em terras da Ribeira Lima, sem embargos, por longos anos.

Mas, no reinado de D. Fernando, entraram em litígio, com o pretexto de que o D. Abade Geral da Congregação Beneditina de Santiago de Compostela andava nas hostes de D. Henrique II, rei de Castela, lutando contra Portugal.

Volvidos largos anos a questionar o assunto e os beneditinos a não auferirem proventos dessas terras, venderam-nas a Marfim Mendes de Berredo, alferes-mor do rei D. Afonso V, filho de Gonçalo Pereira, de Riba Vizela, por alcunha “o das armas”, casado com sua parente D. Maria Pereira, filha de Rui Pereira, Senhor das terras de Santa Maria da Feira. Martim Mendes de Berredo morreu na Corte de França, onde foi por embaixador. Como também não tinha geração, a sua mulher vendeu os coutos, as herdades e os padroados com o direito de apresentação das ditas igrejas, a fim de mandar construir o Convento de Jesus, em Aveiro.

Comprou essas terras privilegiadas o seu parente Diogo Pereira, filho de Lopo Rodrigues Cerveira, escudeiro e almoxarife de Ponte de Lima e de sua mulher D. Brites Pinheiro, do Solar dos Pinheiros, em Barcelos, neto de Rui Lopes Cerveira, primeiro Alcaide de Vila Nova de Cerveira, e de sua mulher D. Maria Pereira, irmã do condestável D. Nuno Álvares Pereira.

Foi Diogo Pereira alcaide-mor de Vila Nova de Cerveira, almoxarife de Ponte de Lima como seu pai, cavaleiro da Ordem de Avis, com tença que lhe deu o rei D. João II, por se ter encontrado com ele na batalha de Foro, quando o seu pai, D. Afonso V, pretendia a coroa de Espanha. Senhor de uma enorme fortuna que lhe rendia 11 000 cruzados, recebia das dezenas de caseiros, que granjeavam as férteis e imensas veigas a quarta parte de todos os frutos, incluindo madeiras e matos.

Diogo Pereira usufruiu do direito de, nos seus domínios, ninguém poder construir casa com sobrado, sem sua licença, nem possuir lagar ou eira.

Não casou, mas teve da sua amante, a Madurara, entre outros filhos, Fernão Pereira, que foi Senhor dos coutos, das fazendas e padroados de seu pai. Foi seu único filho Martim Pereira, herdeiro, por sucessão, de avultada fortuna. Foi também o único filho deste, Jorge Pereira, fidalgo da Casa Real, Senhor, por herança, dos coutos e de mais bens de seu pai. Casou em Ponte de Lima com D. Isabel Pires Malheiro, filha de Gonçalo Pires Cerqueira, feitor dos direitos reais da Ilha da Madeira, Senhor da Casa do Patim, em Ponte de Lima, e de sua mulher D. Leonor Malheiro. Foi um dos seus filhos o Dr. Gaspar Pereira, Desembargador da Casa da Suplicação, Chanceler-Mor do Reino, Senhor dos coutos de Mazarefes, de Paradela, metade de Castro, dos casais de Freiris e dos Padroados das igrejas de São João da Ribeira e Santiago de Gemieira.

O Dr. Gaspar Pereira aproveitou-se dos privilégios inerentes aos cargos que exercia, no reino, para obter sentença de lhe permitir pôr, no Couto de Paradela. um Mordomo a exercer vigilância sobre os seus domínios e receber as rendas dos caseiros. Este privilégio meramente pessoal terminou com a sua morte. Em 1579, foi autorizado por alvará do rei, Cardeal D. Henrique, a vincular os coutos, a metade de Castro e os casais, para que jamais pudessem ser partilhados ou trocados e constituíssem a estrutura económica da família dos Pereiras de Mazarefes, com a cláusula de o seu Senhor poder nomear por herdeiro o filho que mais lhe conviesse ou dá-lo a um seu neto.

Nesse mesmo ano, mandou erigir para si um túmulo de granito, adossado a uma das paredes laterais da capela de sua casa de Mazarefes.

Em 3 de Janeiro de 1581, declarou por testamento que vinculava aqueles bens para que os seus sucessores pudessem melhor servir a Deus e ao seu Rei.

Os extensos e ricos Coutos dos Pereiras de Mazarefes, depois de muito engrandecidos, desapareceram na voragem do tempo, todos retalhados, e hoje pouco resta à volta da velha casa de Mazarefes, com tão fundas tradições. O Dr. Gaspar casou com D. Catarina de Paiva, filha do Dr. Luís Afonso, cavaleiro da Ordem de Avis, Chanceler do Mestrado de Santiago e Avis. Foram seus filhos, entre outros, Nuno Álvares Pereira e Rui Pereira.

Rui foi homem de temperamento destinado e prepotente, acobertado pelo favor da corte e dos bois paternais, deixou episódios para recordar aos vindouros, quase lendários. Por três vezes foi à Índia e, numa delas, com prudência e intrepidez viajou por terra, escrevendo o itinerário de Portugal até à Índia. Imagine-se levar a cabo tão ousada proeza, em andanças por terras orientais, onde militou valentemente e foi capitão governador de Mombaça.

Rui Pereira, dizendo-se Senhor do couto de Paradela, obrigava com violências os moradores a trabalharem as suas terras e aos que se opunham arrasava-lhes as casas e as paredes.

Foi então, quando Portugal descansava nas garras de Espanha, que os vereadores e procurador de Ponte de Lima obtiveram a Provisão Régia, dada em Madrid, nos princípios de Agosto de 1590, para o Corregador da comarca limiana citar Rui Pereira e obrigá-lo a apresentar os títulos em que se fundava para se dizer Senhor do couto de Paradela. Quando o corregedor pretendia essa citação. Rui Pereira já se tinha ausentado, por haver sido condenado à morte, pelo atentado físico à pessoa da fidalga D. Isabel da Silva, do Paço de Vila Fria, por quem ele se roía de amores, e como a sua apaixonada não correspondia ao ímpeto da cegueira desses seus irreflectidos amores, Rui Pereira resolveu raptá-la pela calada da noite de 5 de Agosto de 1590. Na altura, com os seus criados, franqueou a entrada, arrombou portas, espancando os criados de Isabel: “Ao barulho e aos grifos dar criadagem acudiu a vizinhança. Saltaram da cama D. Belisenda e sua filha, pretenderam arrastá-la para fora, mas porque ela gritasse e se defendesse corajosamente, Rui Pereira, já desalentado do seu intento e para se vingar dos seus amores contrariados, cortou-lhe o nariz”. Os raptores fugiram acelerados, em vão iam disparando as espingardas e os arcabuzes.

Deste escandaloso alentado chegou notícia à Corte, baixando logo ordem para que o Doutor Luís Galvão, desembargador dos Agravos na Relação do Porto, fosse tirar devassa a Vila Fria, ficando os principais culpados, Rui Pereira e seu primo Jácome Pereira, Francisco Rocha Cardoso, o galego Bobeta, os criados e o escravo de Rui Pereira, António Martins, seu filho Paulo e o escravo António por alcunha “O Cerveira”, Pedro Alves, sua mulher Inês Antunes e o criado de Nuno Álvares Pereira. A sentença foi proferida, em Barcelos, a 1’2 de Dezembro de 1590, e a justiça não se deixou enternecer com a qualidade dos fidalgos acusados.

A fuga para a Índia valeu a Rui Pereira e ao seu primo Jácome Pereira não subirem ao patíbulo. Pela alta madrugada, embarcaram, no porto de Viana na nau São Salvador, que fazia carreira para a Índia.

Os restantes réus, depois de andarem condenados pelas ruas de Barcelos, com baraço ao pescoço, foram açoitados e condenados a galés.

Finalmente, quando Rui Pereira andava a dar caça aos corsários, a nau naufragou no Cabo da Boa Esperança e Rui Pereira acabou ali os seus dias, nas mãos dos cafres. A sentença impôs ainda o derrube, para jamais serem levantadas, das armas e ameias de cima da padieira do portal de Mazarefes, sob pena de perda de casa, quinta e mil cruzados a favor das ofendidas.

D. Isabel da Silva, por alcunha “a desnarigada”, depressa se desagravou e casou com Francisco de Sousa Meneses.

Foi então o seu irmão Nuno Álvares Pereira homem de grande talento, Senhor dos Coutos de Mazarefes, Paradela, metade de Castro e dos casais de Freiris. Acompanhou D. Sebastião a Alcácer Quibir, onde ficou cativo e comprometeu bastante a sua casa com o resgate. A justiça intimou-o a depor judicialmente por causa das turbulências do seu irmão, em Vila Fria, e do aludido couto de Paradela. Na sua contestação embargosa à Provisão, declarou timidamente que seu pai, seu irmão e ele nunca exerceram actos de jurisdição em Paradela.

Face à sua confissão, Nuno Pereira disse que não era Senhor do couto, mas apenas de fazendas e herdades que possuía naquela Freguesia. O corregedor, por sentença de 6 de Janeiro de 1598, decidiu o pleito a favor dos vereadores de Ponte de Lima, cuja sentença foi confirmada peta Relação do Porto, a 29 de Maio de 1599, e pela Casa da Suplicação, a 3 de Janeiro de 1600.

Casou com sua prima D. Isabel de Mesquita, filha do Dr. João Luís Afonso, Desembargador da Suplicação e de sua mulher D. Marcela de Mesquita. Foi seu filho, entre outros, Gaspar Pereira, comendador da Ordem de Cristo, Senhor do Couto de Mazarefes e das respectivas herdades de seus pais.

Como já se haviam passado 84 anos, Gaspar Pereira, em 1674, levantou a padieira do portal da Casa de Mazarefes e encimou-lhe as ameias e as armas dos Pereiras. Não consta que os Alpuins do Paço de Vila Fria reclamassem a casa ou os mil cruzados. Casou com D. Bernarda de Castro ou Coutinho, filha de Jorge Pessanha e de sua mulher D. Madalena de Castro. Deste casamento nasceram quatro filhos. O primogénito Diogo Pereira, que devia ser o continuador desta família, morreu solteiro e sem geração. A Nuno Álvares Pereira, traçou-lhe o destino a humildade monacal e ingressou na Ordem de São Bento da Saúde, em Lisboa.

Sujeitou-se humildemente a todas as prescrições da sua regra, passando pelos colégios de Filosofia e de Teologia, como era costume, até ser ordenado sacerdote, provido a pregador e confessor. Em 1695, foi transferido para o convento de São Romão de Neiva, onde foi insigne benfeitor do convento e da freguesia de São Romão de Neiva.

D. Isabel, a quarta por ordem de nascimento, professou no mosteiro de Santa Clara de Vila de Conde. Arvorou-se senhora do vinculo da casa de seus pais de Mazarefes, legou-o a favor de João Malheiro, Senhor da casa de Castro, em Ponte de Lama, por escritura passada em São Pedro de Rates, cuja nomeação depressa revogou, e nomeou o mesmo vínculo em Luís Manuel Correia Pereira Figueira, por escritura lavrada em Vila do Conde. De seguida, a administração do vínculo passou, como era natural, para o terceiro filho Jorge Pessanha Pereira, casado com. D. Inácia de Vilhena de Sousa, que faleceu no Porto também sem geração legítima, no dia 9 de Outubro de 1724. Apesar dos actos de violência de que usaram os seus parentes, Pedro Lopes de Azevedo e seu filho Leonardo, em Mazarefes, na véspera da chegada do cadáver de Jorge Pessanha Pereira, e os seus comparsas, em Paradela, com testemunhas falsas de que se serviram pai e filho, não conseguiram arrebatar das mãos de Frei Nuno a posse do vínculo de seus pais.

No dia 10 de Dezembro de 1724, pelas 9 horas da manhã, Fr. Nuno, acompanhado de um criado do convento, aparece na eira da casa de Mazarefes, munido da Procuração do D. Abade e dos monges de São Romão, a tomar posse solene do vínculo e das suas pertenças. No mesmo dia, pelas 5 horas da tarde, apresentou-se também em Paradela, a tomar posse das herdades, o padre Fr. Jerónimo de Assunção, com a procuração de Fr. Nuno e do seu convento.

Como o humilde monge havia jurado voto de pobreza e nada podia possuir, foi logo contestado pelo seu parente Pedro Lopes de Azevedo, que já trazia em tribunal uma demanda contra as pertenças de Luís Pereira de Lacerda, filho bastardo de Rui Pinheiro de Lacerda e de sua amante “a Candieira”, para lhe arrancar a posse do Solar dos Pinheiros, em Barcelos, e o Morgadio de Pouve.

O Tribunal não deu por resolvida a questão e Pedro Lopes de Azevedo não conseguiu, em sua vida, a posse desses bens.

Em 20 de Dezembro de 1728, chegaram as duas partes a um acordo amigável. O contrato foi ajustado, em Braga, nas casas do hospício beneditino, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Carmo, por Leonardo Lopes de Azevedo. Estipularam que o usufruto do vínculo e das mais pertenças, ficava para o convento de São Romão até à morte de Fr. Nuno e de sua irmã D. Isabel de São Francisco. O acordo cumpriu-se e os largos milhares de cruzados, que o Couto de Mazarefes e as herdades da Paradela rendiam, começaram a ser despejados nas velhas arcas do convento de São Romão.

A herança não podia chegar em melhor ocasião, para acudir ao estado deplorável em que se encontravam a igreja e o convento, com os telhados a meterem água e os madeiramentos todos apodrecidos. A igreja, que havia sido construída e sagrada nos fins do século XI, tomava-se pequena e acanhada para tantos fiéis que vinham das aldeias circunvizinhas.

Na visita canónica terminada em 22 de Setembro de 1731, o D. Abade Geral, padre mestre Dr. Manuel dos Serafins, para evitar que o dinheiro fosse desviado para outros fins, “o que acontecia”, ordenou que o dinheiro do vínculo de Mazarefes, Paradela e os demais rendimentos que o convento cobrava, pela transação e composição que fizeram com Leonardo Lopes de Azevedo, fosse aplicado na construção de uma nova igreja, ampla do estilo de final do século XVII. Em Fevereiro de 1733, sendo D. Abade do Convento de São Romão o padre Fr. António de São José, iniciaram-se as obras da actual igreja. Comprometeram-se dois mestres pedreiros, por escritura, a dá-Ia pronta de pedraria, pela quantia de 12.500 cruzados, dentro de três anos. Fr. Nuno não a viu terminada. Precisamente, quando perfaziam os três anos, ainda faltava concluir a abóbada e arrematar alguns acabamentos e Fr. Nuno morreu em 1736. Pedro Lopes e Azevedo foi Moço Fidalgo da Casa Real, por Alvará de 20 de Abril de 1663. Serviu como voluntário na Guerra de Aclamação.

Senhor do Solar de Azevedo em Lamas, Barcelos, contestou, como já se disse, pelo Tribunal aos seus parentes a posse do Solar dos Pinheiros, do Morgado de Pouve, do Couto de Mazarefes, das herdades de Paradela, em São João da Ribeira. As demandas correram pelos tribunais alguns anos e não viu, em sua vida, o pleito resolvido.

Casou com D. Maria de Luna Sotomaior. Foi seu filho, entre outros, Leonardo Lopes de Azevedo, que nasceu em 1663, na sua Quinta de Jou, Trás-os-Montes. Senhor do Solar de Azevedo, Moço Fidalgo da Casa Real, por Alvará de 9 de Dezembro de 1699, ganhou a questão posta por seu pai sobre os aludidos bens, enriquecendo assim enormemente a sua grande Casa. Entregou à freguesia de Mazarefes a capela da sua casa, que é hoje a actual Igreja Paroquial. Na parede lateral virada ao sul, ainda se vêem as armas dos Pereiras Pessanhas e as ruínas do passadiço. Leonardo Lopes de Azevedo casou com D. Margarida Isabel de Sousa, que faleceu em 1767, filha de Fradique Lopes de Sousa, Senhor do antigo Morgado de Bordonhos, e de sua mulher D. Isabel Francisca de Azevedo Cerqueira Coutinho. Foi seu filho, entre outros, João de Lopes de Azevedo, Moço Fidalgo da Casa Real, que sucedeu na avultada casa de seus pais, por morte dos seus irmãos sem geração.

Casou à uma hora da noite com D. Maria Teresa Pereira de Faria Vilas Boas e faleceu no mesmo dia, em 28 de Abril de 1787. Foram seus filhos João Lopes de Azevedo e D. Maria Emília Lopes de Azevedo e D. Maria Emília Lopes de Azevedo Pinheiro e Sá, que nasceu depois da morte de seu pai. João Lopes de Azevedo nasceu em Julho de 1786, sucedendo a toda a grande casa de seus pais. Casou com D. Francisca Pereira Caldas, filha herdeira do General Gonçalo Pereira Caldas, Senhor da Casa de Sande, em Monção, e de sua. mulher D. Inácia Antónia Micaela de Castro e Vasconcelos.

João Lopes de Azevedo faleceu também após o seu casamento, deixando do seu matrimónio apenas um filho de nome João, que morreu com 5 anos de idade, vindo a ser herdeira da fabulosa fortuna, a sua tia D. Maria Emília Lopes de Azevedo Pinheiro Pereira e Sá, que nasceu em 28 de Maio de 1787 e faleceu em 26 de Fevereiro de 1828. Foi Senhora dos Solares de Azevedo, do dos Pinheiros, em Barcelos, dos Morgados dos Coelhos, em Vila do Souto da Riba-de-Homem, e do de Pouve, do Couto de Mazarefes, das herdades de Paradela e Castro. Casou, em 13 de Maio de 1807, com António Martinho Velho de Fonseca Barbosa Sousa e Castro, que nasceu em 14 de Agosto de 1785 e faleceu em 28 de Julho de 1859, Senhor do Paço de Marrancos, Fidalgo da Casa Real, tenente-coronel do regimento de Milícias de Barcelos, filho de Francisco Velho de Fonseca e Barbosa. Fidalgo da Casa Real e de sua mulher e prima D. Maria Luísa Arriscado de Lacerda, da Casa dos Arriscados de Barcelos.

Foram os seus dois filhos, Francisco Lopes de Azevedo Velho de Fonseca Barbosa Pinheiro Pereira e Sá Coelho e D. Maria José de Livramento de Azevedo Velho de Barbosa. Esta nasceu a 27 de Julho de 1817 e casou, a 8 de Junho de 1837, com Estêvão Falcão Costa e Meneses, Fidalgo da Casa Real, Senhor dos Morgados da Torre de Real, do dos Meiras Falcões e do de Caldelas.

Francisco nasceu na Casa de Marrancos, em Vila Verde, a 21 de Fevereiro de 1809, e faleceu, na sua Casa de Santo António do Penedo, no Porto, a 25 de Dezembro de 1876. Foi Moço Fidalgo na Casa Real com exercício no Paço, por Alvará de 9 de Setembro de 1846, primeiro Visconde de Azevedo, por carta concedida pela rainha D. Maria II, em 19 de Agosto de 1846, elevado à grandeza de Conde, por Decreto de 23 de Novembro e Carta de 5 de Dezembro de 1876, passada pelo rei D. Luís I, poucos dias antes da sua morte. O opulento fidalgo foi Senhor dos Solares de Azevedo, dos Pinheiros, em Barcelos, e do de Marrancos, dos Morgados dos Coelhos de Vila do Souto de Riba-de-Homem e do de Pouve, do Couto de Mazarefes, das herdades de Paradela e Castro. A instâncias do Visconde de Santa Marta, em 25 de Abril de 1832, tomou posse do cargo de coronel-comandante dos Voluntários Realistas, que se achavam em Viana. Passou, com o seu batalhão a fazer parte da quarta Divisão Realista e, depois, da Coluna Móvel ao Norte do Douro, sendo agraciado com o hábito da Torre-e-Espada e com a comenda da Ordem de Cristo.

Comandou, durante algum tempo, a brigada que guarnecia a extrema esquerda nas linhas do exército realista. Foi, depois, com a divisão do General João Gouveia Osóno para o Campo Maior. Aí se achava aquando da convenção de Évora Monte. Nunca tomou parte nem se envolveu em perseguições políticas.

Em Dezembro de 1843, foi viver para Braga e, só depois de outra, muito instado por Silva Passos e Teixeira de Vasconcelos, se resolveu a auxiliar o Partido Progressista na campanha eleitoral de 1845.

Em 29 de Maio de 1846, ainda os ânimos dos políticos estavam agitadíssimos pela revolta de Maria da Fonte, foi nomeado governador civil de Braga, lugar de que tomou posse em 1 de Junho de 1846, demitindo-se logo em 6 de Julho. A 11 de Outubro, ao realizarem-se as eleições para deputados no Porto, foi eleito pelos setembristas e cabralistas. Mas, entretanto, ocorreu uma revolta naquela cidade, onde se constitui uma Junta Provisória do Supremo Governo do Reino, sob a presidência do Conde das Antas, e não se chegaram a reunir as câmaras legislativas. Foi ainda eleito deputado por Braga, na legislatura de 1851 e 1852.

O seu estado de saúde não lhe permitiu continuar a sua actividade política que abandonou para se consagrar aos seus trabalhos literários. Senhor de vasta cultura e de uma excelente biblioteca, foi tal o seu amor às obras antigas que algumas foram reeditadas numa tipografia que instalou no seu Solar de Azevedo. Foi também um assíduo e dedicado colaborador de Inocêncio Francisco da Silva na publicação do “Dicionário Bibliográfico Português”. Em Maio de 1857, foi eleito sócio provincial da Academia Real das Ciências e, por proposta de Tomás Ribeiro, passou a sócio correspondente. Em 1870, vendeu o que restava em Paradela, apenas uma notável casa com torre e quinta, que pela acção de tempo e pela sua antiguidade, se encontrava arruinada. Comprou-a o abade de São João da Ribeira, padre João Coelho de Araújo, que não hesitou em demolir a torre, solarenga, para com a sua pedra construir paredes na Quinta. Por morte do abade, tão importante prédio e a quinta passaram para os seus herdeiros. O Conde de Azevedo casou, em 1827, com D. Maria José Carneiro da Grã Magriço, nascida a 6 de Agosto de 1804, filha herdeira de José Carneiro da Grã Magriço, Senhor das Casas de Balazar, na Póvoa de Varzim. e da de Rio Tinto, e de sua mulher D. Francisca Henriqueta Coelho Fiúza Ferreira Marinho Falcão Sotomaior, senhora da Quinta da Espinheira e da Casa dos Coelhos, em Vila do Conde.

Como não tinha geração, deixou por testamento a sua grande biblioteca ao seu primo, o segundo Conde de Samodães, Francisco de Azevedo Teixeira de Aguilar, e os seus avultados bens dividiram-se pelas suas sobrinhas, filhas de sua irmã D. Maria José do Livramento e de Estevão Falcão, cabendo a D. Maria Júlia Falcão Pinheiro Bourbon e Menseses o Solar dos Pinheiros, em Barcelos, e o Morgado de Pouve. D. Maria Cândida Falcão de Azevedo herdou o Solar de Azevedo, o Couto de Mazarefes e outros bens. Casou com Francisco Barbosa Couto Cunha Sotomaior, Fidalgo da Casa Real e Senhor da Casa da Fontinha, em Pardilhó, Estarreja.

D. Maria Júlia Falcão nasceu a 1 de Julho de 1853 e faleceu em Dezembro de 1925. Foi, como se disse, por herança de seu tio, que recebeu o Solar dos Pinheiros e do Morgado de Pouve. Casou em 19 de Janeiro de 1871 com José de Azevedo Meneses Cardoso Barreto, Moço Fidalgo, por Alvará de 12 de Março de 1870, comendador de São Gregório Magno, Senhor das Casas do Vinhal, em Vila Nova de Famalicão, e da Portela, em Guimarães. Autor do livro “Ninharias” e de estudos genealógicos, era filho de Manuel Carlos Cardoso de Meneses Barreto e de sua mulher D. Maria Teresa de Azevedo Barros de Couto. Foi seu filho entre outros, Francisco Manuel Cardoso de Meneses Pinheiro de Azevedo, nascido a 27 de Junho de 1872 e falecido em 1936, Engenheiro Civil, Senhor da Casa do Vinhal e do Solar dos Pinheiros, por herança de seus pais. Casou, em 1 de Julho de 1900, com sua prima D. Mariana de Jesus Barbosa Pereira de Sotomaior de Azevedo de Bourbon, que lhe levou em dote a Casa dos Pereiras de Mazarefes. É sua filha, entre outros, a venerável velhinha, Senhora de tão nobre representação, D. Maria Júlia de Azevedo Menseses Pinheiro Pereira de Bourbon, nascida em 18 de Maio de 1901 (já falecida). Viúva e sem filhos, foi última proprietária da lendária Casa dos Pereiras de Mazarefes.

Inventário do Património Arquitectónico

Em http://www.monumentos.pt

Informações detalhadas acerca de:

► Igreja Paroquial de São Nicolau de Mazarefes

Texto de: Porfírio Pereira da Silva

Fonte consultada: Arquivo Vianense, por Luís Figueiredo da Guerra; Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura; Verbo; Nobiliário de Famílias de Portugal de Felgueiras Gaio; Coreografia Portuguesa de padre António Carvalho da Costa; Nobres Casas de Portugal 151 2Q 311 Volumes de António Lambert Pereira da Silva; Apontamentos para a História da Paroquia e Mosteiro de S. Romão, pelo Cónego Dr. Luciano Afonso dos Santos; Almanaques de Ponte de Lima – 1924-611 Ano e 811 Ano -1933; Arquivo do Alto Minho, pelo Dr. Almeida Fernandes.


Vila Fria

INFORMAÇÃO SUMÁRIA

Padroeiro: S. Martinho.

Habitantes: 1.327 habitantes (I.N.E 2011) e 1.461 eleitores em 05-06-2011.

Sectores laborais: Agricultura, comércio e pequena indústria.

Tradições festivas: Santo Amaro (Janeiro) e S. Martinho (Agosto).

Valores Patrimoniais e aspectos turísticos: Capela do Socorro, Igreja paroquial, Monte de Sabariz (capela, castro, ruínas do paço dos Alpoíns e esconderijo).

Gastronomia: Sarrabulho e rabanadas.

Artesanato: Tanoaria.

Colectividades: Vila Fria 1980.

ASPECTOS GEOGRÁFICOS

Vila Fria é uma freguesia portuguesa do concelho de Viana do Castelo, com 6,57 km² de área e densidade: 207,6 hab/km².

São os seus lugares: Paço, Ponte Seca, Ribeiro, Rua, Sabariz e Vila Fria.

RESENHA HISTÓRICA

É citada em documentação do século XII sob a designação de Vila Fria ou “Vilia Frigida”, Vila Fria e Sabariz, que aparecem em alguns desses documentos, são lugares desta freguesia.

Nas Inquirições afonsinas de 1220 e 1258, já sob a denominação de São Martinho de Vila Fria, localizava-se na Terra de Neiva.

Nas primeiras Inquirições do reinado de D. Dinis, feitas em 1290, aparece com categoria de freguesia, continuando a pertencer ao julgado de Neiva.

Na taxação de 1320, a igreja de São Martinho de Vila Fria foi tabelada em 70 libras.

No registo da cobrança das “colheitas” dos benefícios eclesiásticos do arcebispado de Braga, efectuado por D. Jorge da Costa, entre os anos de 1489 e 1493, anotou-se que o seu rendimento importava em 10 libras, o correspondente a 760 réis, em dinheiro com “morturas”, e 55 réis e 7 pretos, em dízimas de searas.

No Livro dos Benefícios e Comendas, de 1528, era anexa ao mosteiro de São Romão, na Terra de Aguiar de Neiva. Américo Costa descreve esta freguesia, do termo de Barcelos, como vigairaria da apresentação do convento de São Romão do Neiva. Fora abadia, antes de passar a vigairaria confirmada.

Em 1566, por apresentação do mosteiro de São Romão, Frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga, confirmou vigário, D. Estêvão Martins, assim como , Domingos da Cunha e Diogo de Ataíde. Foram ainda vigários da igreja de Vila Fria, António Carneiro e João Alvares Vieira.

O mosteiro de São Romão teve demanda com António Carneiro, vigário desta igreja, tendo este obtido sentença favorável.

Segundo refere ainda Américo Costa, São Martinho de Vila Fria passou, mais tarde, a reitoria.

Inventário do Património Arquitectónico

Em http://www.monumentos.pt

Informações detalhadas acerca de:

► Capela de Nossa Senhora do Socorro

► Castro de Sabariz

► Igreja Paroquial de Vila Fria/Igreja de São Martinho

► Mosteiro Rupestre de Sabariz/Eremitério Rupestre de Sabariz

( Fonte consultada: Inventário Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo)

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